segunda-feira, 4 de abril de 2011

Muamar Kadafi

Início de 2011, uma onda de revoltas no mundo árabe se inicia. No começo de janeiro movimentos anti- Mubarak, ex-ditador há mais de 40 anos no Egito, dão início a novos movimentos em outros países. Após muita luta dos manifestantes, censuras, mortes, fugas, Mubarak não resiste e foge, mostrando a todos com clareza a perda do seu poder diante da população egípcia, quem ele teria de governar.
Na Líbia o processo foi diferente. As revoltas no Egito influenciaram o início das libanesas, junto com fatos históricos passados que Muamar Kadafi tinha feito a população libanesa "esquecer", como o massacre brutal de mil prisioneiros políticos e ex-militantes islâmicos em 96, na prisão de Abu Salim, que ficou conhecido como o Massacre de Abu Salim. O fato foi negado pelo ditador e só voltou a ser comentado em 2001. Deixando uma espera de 5 anos sem informações das vítimas a seus familiares.
Fatos como esse, mostram a enorme facilidade que Kadafi tem para manipular as pessoas e seus pensamentos. Não sendo à toa que seu golpe militar em 69 tenha durado mais de 40 anos. E foram fatos como esse que voltaram a ser questionados quando a onda de revoltas começou no mundo árabe. Mas como sempre Kadafi soube o que fazer, reprimiu e não deixou que esses movimentos tomassem  força. Quando as pessoas foram às ruas no final de fevereiro de 2011, encontraram um exército bem armado, muitas bombas de efeito moral, mas mesmo assim conseguiram chamar atenção da mídia global, que em menos de um mês já parou de comentar o caso. O Conselho de Segurança da ONU o alertou para cessar-fogo contra os revolucionários. Kadafi deu sua palavra que cessaria, mas não iria deixar os revolucionários tomarem as cidades de seu país tão facilmente. E é o que acontece hoje, Kadafi conseguiu amenizar os movimentos populares em massa e os fragmentou em cidades distintas, fazendo com que o movimento perdesse força e foco na mídia mundial, aumentando cada vez mais e consolidando seu poder pleno no Estado.
A melhor forma de se governar um Estado foi ensinada por Maquiavel em sua obra "O Príncipe", onde ele diz que um príncipe antes de tomar qualquer medida, tem que analisar quais foram as medidas tomadas por príncipes anteriores que se encontraram na mesma situação em momentos históricos passados. E analisando bem em quais momentos e quais foram as decisões tomadas por cada príncipe, o príncipe atual deveria tomar a decisão que foi mais eficaz e que renovou ou manteve o poder do príncipe diante da população. Assim como fez Kadafi, impondo pela força militar seu poder, não deixando que a oposição ganhasse força.
Maquiavel também diz respeito sobre como o príncipe deve manter o seu poder e com qual intensidade. Ele diz que o príncipe deve manter seu poder através de sua imagem diante do povo. Onde as medidas devem ser tomadas para fazer com que ele seja temido por seu povo. Maquiavel diz que o príncipe deve ser ante temido a ser amado. Kadafi sempre quando necessário, mostra isso para a população, que devem temê-lo, pois quando preciso toma decisões drásticas para manter seu poder, reprimindo, censurando, matando, prendendo, etc. Não importam as decisões ou ações do príncipe o que importa, é sempre manter seu poder e se manter intocável, inquestionável. Pois Maquiavel pensa que "Os fins justificam os meios", onde as medidas tomadas para consolidar ou impor seu poder podem ser drásticas, violentas o quanto forem, mas ao final, o príncipe deve ser poderoso igual ou mais que antes dessas ações.
Mais de 40 anos de ditadura se passaram na Líbia, e cada vez mais Kadafi se consolida como um Prícipe exemplar de Maquiavel. Mas a história nos mostra que ditaduras são difíceis de se manterem por longas décadas, mesmo assim Kadafi se mantém muito forte ante movimentos revolucionários e qualquer oposição, reprimindo rapidamente qualquer movimento contra seu governo.
Entrando na 5ª década de governo militar, sem saber se terá intervenção externa do Conselho de Segurança ou não, Kadafi mostrou nesse último movimento rebelde que não sairá do poder tão facilmente, através de uma guerra, possivelmente, como ocorreu com outro ditador tirado de seu governo e enforcado em transmissão mundial em 2006.

5 comentários:

  1. Acho que Kadafi representa bem os ideais maquiavélicos. Através da virtude ele conseguiu fazer a manutenção do Estado, e assim impôs uma moral aos governados, que de fato, foi seguida por muitos. Ele sempre buscou o poder, e, ao longo do tempo, resolveu quase todas as tensões existentes no país, sejam elas de caráter político ou social. Por fim, acho que Kadafi representa bem uma frase de Maquiavel, em que ele diz: "...os fins justificam os meios...".

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  2. Bem informativo o texto, com muitas informações. Maquiavel escreveu "O príncipe" como um manual de como comandar através da força.A muitos anos os países árabes vivem regimes militares fundamentalistas, há uma certa característica cultural que os tornam 'mansos' perante a opressão(talvez pelo vinculo com a religião islã), o bloqueio da mídia, não esta mais contendo as influencias internacionais de democracia e liberdade, gerando a revolta. O inicio desse movimento foi um homem que ateou-se fogo na tunísia, devido o sistema opressor e divulgou-se entre os povos árabes que se identificaram com a causa. A mídia deu ênfase ao egito e líbia, por questões econômicas, políticas, geográficas e pela reação violenta dos governos. Petróleo e o canal de suez

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  3. De certa forma o que foi colocado em questão pelo grupo faz muito sentido quando falamos de Kadafi. Muitos outros governantes do Oriente Médio sofreram um processo de destituição, podemos até classifica-los como homens de virtù, porém ao resistir a todas as duas principais sanções feitas pela ONU, em 1999 e novamente no ano corrente, e permanecer no poder até agora, podemos classificar Kadafi como um homem de virtuoso e de fortuna.

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  4. Em resposta ao texto, (Muamar Kadafi).
    Venho parabenizar ao grupo Ciências Políticas pelo excelente texto, abordado de uma forma com muita coesão e coerência, concordando a relação entre Kadafi e Maquiavel aonde os fins justificam os meios, independente da forma de sua conquista e consequência.
    Para finalizar deixo uma brilhante frase de Maquiavel que no meu ponto de vista é perfeita para o texto.
    (Estou convencido de que é melhor ser impetuoso do que circunspecto, porque a sorte é como a mulher; e, para dominá-la, é necessário bater nela e contrariá-la.)

    Christian S. Teruya

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  5. Um otimo texto,

    Conseguiram juntar um livro escrito no passado com conceitos definidos no passado, com o mundo atual. Isso mostra como maquiavel se mostrou sabio ao definir esses conceitos no livro "O Principe", pois mesmo sendo escrito a muito tempo atras ele continua sendo muito atual. Assim vemos que para ser um principe e necessario usar a frase de maquiavel "Os fins justificam os meios"
    O grupo esta de parabens fizeram um texto com conceitos do passado e citaram situacoes atuais.

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